circuloperfeito

um olhar sobre as coisas que passam

quinta-feira, outubro 28, 2010

às voltas por outras paragens.

O círculo perfeito tem andado às voltas por outras paragens.
Podem tentar apanhar-me por aqui
Abraço
JCM

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Zeca Afonso morreu há 19 anos

A Cidade (José Carlos Ary dos Santos/José Afonso)

A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.

A cidade é um saco um pulmão que respira
pela palavra água pela palavra brisa
A cidade é um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

o meu presidente

"Ao fim de dez anos como Presidente tenho a obrigação de dizer: nós precisamos de ter a administração mais perto, precisamos que os braços da administração central espalhados pelos distritos e concelhos se lembrem que têm de trabalhar com as câmaras municipais" Jorge Sampaio, Público 9/2/2006

post1. Concordo com o nosso Presidente, para mim o melhor presidente da república da democracia. A sua persistente atenção para as questões da organização político-administrativo do país, das desigualdades territoriais, da necessidade de qualificar as cidades e de as tornar mais humanizadas, foram um estímulo para quem trabalha diariamente com estas questões.

post2. Mas no pensamento de JS pareceu-me que faltaram duas referências. Uma à necessidade da Administração Central (e Regional) se articular entre ela(s?). Sem esse esforço a relação com as autarquias locais fica dependente do voluntarismo e da boa vontade de cada Ministério - o que não chega. Uma outra ao facto das autarquias não se poderem fechar dentro dos seus limites administrativos, de reforçarem os princípios da cooperação inter-municipal e de aprenderem a olhar para fora - para o mundo e para mudanças que estão a ocorrer no poder local (THE FUTURE OF LOCAL GOVERNMENT - DEVELOPING A 10-YEAR VISION).

post3. Ao contrário do que habitualmente se refere, em muitos casos, as autarquias locais estão no limite da sua capacidade para dar respostas a mais competências. Mostram já muitas dificuldades em gerir os seus recursos (humanos, materiais, financeiros) de forma racional e eficaz. Atingiram o seu princípio de Peter...

post4. Um dia numa visita a uma Feira, JS, ao tomar conhecimento da formação de uma licenciada em Planeamento Regional e Urbano disse - aí está um curso que eu gostaria de ter tirado!

Gestão Estratégica de Cidades e Regiões

A Secção Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas (SACSJP) da Universidade de Aveiro e a Associação Portuguesa de Planeadores do Território - APPLA vão levar a cabo a apresentação pública do livro "Gestão Estratégica de Cidades e Regiões" da autoria do Engº. António Fonseca Ferreira, Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional - Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT).
Esta apresentação decorrerá no próximo dia 16 de Fevereiro de 2006 pelas 18 horas no Anf. 12.1.1. da SACSJP da Universidade de Aveiro (http://www.csjp.ua.pt/).

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Optimismo (Parte 2)

Há dois momentos em que não nos devemos preocupar com um problema. Um deles é quando ele ainda não ocorreu e o outro é depois dele ocorrer! (EAC, 2006)

cultivar o optimismo

Vai realizar-se em Aveiro uma palestra sobre o tema "Cultivar o Optimismo". Trata-se de uma iniciativa oportuna num momento em que a economia começa a revelar alguns sintomas de retoma. A organização demonstra uma fé inabalável no tema realizando a palestra na Rua do Senhor dos Aflitos!

código errado...



Uma grande superfície promove numa das suas campanhas publicitárias o produto português. Por curiosidade tentei perceber que produtos poderia adquirir que me fizessem sentir orgulhoso da marca lusitana. Na última prateleira lá estavam os "nossos" produtos... importados! Esperteza saloia...

linha de partida


Aveiro

post requentado - MIT, Microsoft e D. Sebastião...

As notícias sobre os protocolos que o País (o governo) tem vindo a desenvolver com importantes unidades de investigação e empresas do sector tecnológico (MIT e a Microsoft) são boas notícias. Tratam-se de investimentos de um novo tipo, imaterial, mais duradoiro, que aposta na formação, investigação e desenvolvimento.
O que pode já ser um pouco mais problemático é se pensarmos que pela importância dos parceiros, o "jogo" (da competividade) já está ganho e só nos resta aparecer em campo que "eles" farão o resto.
Este facto, uma espécie de crença sebastiânica no poder destes novos "deuses" do mundo global, pode relegar para segundo plano a importância do papel das instituições e dos saberes nacionais e de como temos de nos organizar para tirar partido deles.
Não deixa assim de ser paradoxal que com maior facilidade sentamos todos os ministérios com Bill Gates do que pomos os mesmos ministérios a falar uns com os outros.
mi(ni)stérios...

contramão

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

O que é Microsoft é bom!


O Governo português e a empresa norte-americana Microsoft assinaram hoje um acordo de colaboração no âmbito do Plano Tecnológico que prevê o desenvolvimento de 18 iniciativas conjuntas durante este ano.

Uma boa aposta do Governo. Na SIC Notícias discute-se se esta é a melhor aposta, os seus riscos, se não deveria haver acordos com outras empresas, que o acordo é interessante mas não passa de um acordo de intenção... é difícil tentar fazer coisas em Portugal!

terça-feira, janeiro 31, 2006

Planning for a better future


Amanhã vou estar numa reunião sobre um plano de ordenamento que está em elaboração há cerca de... 10 anos dos quais somente dois anos foram de elaboração estritamente técnica. O restante tempo foi gasto com... burocracia!
O período de "elaboração não técnica" - de avaliação pelas diferentes tutelas - não introduziu melhorias no documento, pelo contrário, retirou-lhe algum do espírito inovador, normalizou-o, tornou-o insípido - um mero regulamento. Encontramo-nos nas mãos de regentes administrativos zelosos cumpridores da lei e da sua interpretação da mesma.
Na luta contra este "polvo burocrata" mais tarde ou mais cedo somos "obrigados" a ceder. Seja por cansaço, por desânimo, por saturação ou porque temos de andar para a frente.
Mas não é assim em todo lado.
Em Inglaterra o Vice Primeiro Ministro John Prescott (JP) entende que a prática de planeamento deveria ser entendida como um esforço "that emphasise community involvement and consultation, plus the aim of creating sustainable communities in which to live and work". Propôs assim que as Câmaras Municipais tivessem de desenvolver "local development schemes" que estruturassem uma visão estratégica a 5 anos, que deveria ser revista anualmente. Esta revisão implicaria a definição de parâmetros de avaliação da participação das comunidades na preparação, alteração e revisão desses documentos. JP referiu que "we can only make the most of the potential of planning if we find new ways to involve people and adopt radical approaches to improving the quality of life for residents. Planning has to be more relevant, more interesting, more effective and more efficient. It needs a culture change. It needs to raise its game. It needs to excite people."
A postura da tutela é assim completamente diferente da que aqui encontramos. O resultado final só por acaso poderá ser minimamente interessante.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

passeio na ria

sábado, janeiro 28, 2006

Post

Ultimamente andava estranho. Não reagia, andava apático. Eu dizia-lhe uma coisa e ele fazia outra. Às vezes demorava uma eternidade para fazer o que lhe mandava. Não era o mesmo. Algo se passava.
Ontem à noite tudo se precipitou. De um momento para o outro teve um bloqueio. Não me respondia. Era inútil tentar estabelecer qualquer contacto com ele. Era como falar contra uma parede. Tinha que o levar a um especialista com urgência.
De manhã cheguei e a sala estava repleta. Tirei uma senha e aguardei a minha vez. A preocupação estava estampada no rosto de todos. Sinal da noite mal dormida…
Chegou a minha vez. Entrei, ele olhou-o, examinou-o. Fez-me umas quantas perguntas – há quanto tempo está assim, se o comportamento dele tem sido o normal, enfim as perguntas de rotina. Percebi o ar sério. Fiquei ainda mais preocupado.
Entretanto chamou um colega para pedir uma segunda opinião. O caso não estava nada fácil. A cada momento o nervosismo ia aumentando. Pediram-me para sair e deixá-los a sós.
Ao fim de algum tempo chamaram-me e um deles disse-me – Tentámos tudo mas não conseguimos salvar o ficheiro que perdeu!

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Aveiro, Região de Inovação

Aproveitando o facto de nos próximos três anos não ser previsível que haja eleições era tempo de deitar mãos à obra e começar a preparar o futuro. Tarefa complexa quanto a situação actual exigía que o tivéssemos feito há mais tempo. Mas nestas coisas vamos sempre a tempo… desde que o comecemos a fazer! A questão é como fazê-lo?
SL no seu aoperto fala da necessidade de "assumir a diferença e valorizar a diversidade territorial existente". Nem a propósito, hoje 25/1, a GAMA – Grande Área Metropolitana de Aveiro, nome pomposo para uma associação de municípios criada no tempo do governo de Durão Barroso e (aparentemente) mal amada pelo actual Governo, dá início a uma discussão sobre o futuro da região.
Importa assim saudar a vontade dos autarcas da região de Aveiro de iniciar essa discussão tendo em vista que, em breve, poderemos beneficiar de um novo período de apoio financeiro europeu (2007/13). Importa assim clarificar as prioridades do investimento público para os próximos anos, no fundo para onde vamos mobilizar os nossos parcos recursos, sabendo de antemão que não podemos ir a todas.
Em cima da mesa encontra-se um "projecto" - Aveiro como Região de Inovação. Não estando o documento público importa salientar que a maior inovação deste projecto pode passar, assim, pelo próprio método de o levar a cabo. No fundo a questão chave está em saber como mobilizar a região (os agentes, os cidadãos e as instituições) para atingir esse desígnio. Como envolvê-los na discussão dos vários caminhos alternativos e finalmente como seleccionar os projectos verdadeiramente mobilizadores.
A tarefa não é fácil, mas dificilmente teremos mais oportunidades como esta...

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Colaboração com MIT passou de investimento de 60 milhões a parágrafo vago no Plano Tecnológico

A Unidade de Coordenação do Plano Tecnológico (UCTP), num documento a que o PÚBLICO teve acesso, propôs uma "parceria internacional para a investigação e desenvolvimento" com o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e contabilizava a colaboração em 60 milhões de euros, divididos por quatro medidas. A UCPT deixou ainda um outro documento com a calendarização desse programa e uma orçamentação mais detalhada. Mas a versão final do Plano Tecnológico (PT) reduz a parceria internacional a um parágrafo, sem qualquer referência ao MIT.
É o chamado choque tecnológico!

Habitantes de Canas de Senhorim festejam fim do mandato de Jorge Sampaio



Pelo menos 300 habitantes de Canas de Senhorim comemoraram hoje o final do mandato de Jorge Sampaio, pelo facto de o ainda chefe de Estado ter recusado a elevação da localidade a concelho.
Segundo o porta-voz do Movimento de Restauração do Concelho de Canas de Senhorim, Luís Pinheiro, "os populares juntaram-se, esta manhã [em frente à Junta de Freguesia], para festejar a saída de Sampaio, que foi sempre extremamente hostil para Canas de Senhorim". "Este é um dia de muita alegria para os canenses", frisou o responsável.

A vida é feita destas pequenas alegrias... só esperamos que este dia se repita por muitos e muitos anos!

sexta-feira, janeiro 20, 2006

A contagem final...



quinta-feira, janeiro 19, 2006

Mirapólis












A cruzada do João Rua por um concelho melhor!
http://www.mirapolis.blogspot.com/
O país precisava de mais vereadores assim...

segunda-feira, janeiro 16, 2006

o regresso...


O círculo perfeito regressa ao fim de um ano de reflexão à sombra deste magnífico Querqus robur!
Em vésperas de nova eleição - desta vez presidencial - esperamos que a escolha seja sensata! Se nos enganarmos só daqui a 5 anos...
Pensem bem!

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

E nós?

Aguardamos com ansiedade a formação do novo governo. Já se disse tudo sobre o que queríamos dele. Que fosse curto, forte e coeso. Não mais de dez ministros. E alguns terão de ser super-ministros, ou pelo menos ministros com super-pastas. Esperamos que ponham a casa em ordem, que façam as limpezas necessárias. Que façam reformas, que organizem, que nos ponham num brinco.
Sir Humphrey (o famoso Director Geral da série “Sim Senhor Ministro” que fez esta semana 20 anos) sorriria com tamanha ambição e, decerto, teria uma palavra de conforto para o provável pânico que esta “encomenda” provocaria no seu Ministro.
Não sei como seria uma séria dessas em Portugal. Mas muitas das situações com que nos deparamos na nossa vida colectiva não ficariam atrás da versão original.
Temos uma noção difusa do que é a organização institucional. Existe por isso, com frequência, um conjunto de organizações paralelas, onde a informação se encontra dispersa, mal estruturada e não disponível.
Quando estamos perante um problema temos a tendência de começar tudo pelo zero, desperdiçando estudos e projectos executados no passado. Para além disso não gostamos de avaliar o que fazemos. É muito pouco frequente as organizações e as instituições conterem, em si mesmo, os elementos da sua avaliação e correcção de trajectos.
Afundados num individualismo profundo, sabemos pouco dos problemas e dos anseios dos outros. Como comunidade local, regional ou nacional, não sabemos muito bem para onde queremos ir, não temos uma estratégia ou objectivos colectivos. Isto faz com que demonstremos uma profunda incapacidade de definir prioridades, o que conduz a um abuso das atitudes casuísticas.
Apesar da solidariedade inexcedível perante situações de calamidade ou emergência, acumulamos “listas de espera” nas pequenas situações dramáticas quotidianas.
Existe uma aversão cultural a planear as situações. Desde as situações mais simples aos projectos mais complexos, a decisão tende a funcionar, preferencialmente, sem grandes estudos de impacto ou discussões.
Estamos assim perante um complexo problema estrutural de mentalidades, que ultrapassa a mera responsabilidade política e que nos toca a nós como sociedade.
Caberá ao poder político a capacidade de reinventar uma nova forma de governação que atenda e este problema de atitude e que poderá passar por uma forma diferente de envolver e comprometer os cidadãos na formulação das políticas.
Mas deve caber, cada vez mais, aos governados reflectir sobre este problema de atitude, que nos dilui cada vez mais como comunidade nacional e que sobretudo destrói a nossa já tradicionalmente baixa auto-estima.

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Pensar o país…

A mudança de paradigma de desenvolvimento passa, sobretudo, por uma mudança de paradigma de governação.

Tem-se desenvolvido a ideia de que, o que Portugal precisa é de um salvador, de alguém que nos retire do meio de todas as embrulhadas em que nos metemos e que nos indique o caminho.

Não raras vezes, a análise sobre as capacidades dos políticos tende a resvalar para uma (injusta?) comparação com o modelo desejado – o salvador.

Sinal dos tempos ou das fragilidades do mundo contemporâneo, os homens (e as mulheres) que nos governarão nos próximos anos estão mais próximos do homem comum que do homem providencial. Agrada-me esta ideia de dessacralização do exercício da governação. Uma ideia de “política de proximidade”.

Contudo, para se constituir um novo paradigma de governação tem de se exercitar novos métodos. De informação, de diálogo e de colaboração com os governados – que conduzam à construção de um (ou vários) projectos colectivos.

No entanto, esta ideia é particularmente perigosa pela facilidade com que deriva para posturas demagógicas e inconsequentes, nomeadamente quando esquece alguns elementos do contexto de partida nomeadamente que oito em cada dez jovens não têm participação cívica (Público, 26/1/2005).

Dilema e paradigma…

Nos últimos anos Portugal assumiu um estilo de vida que não tem capacidade de pagar (Consome Menos - http://alcatruz.blogspot.com/).
Por um lado, como refere António Vitorino, “tivemos expectativas demasiado elevadas quanto a um progresso em linha de progressão geométrica, pela perspectiva de adesão ao euro e a baixa das taxas de juro, o que provocou um desafogo extraordinário nas famílias e, portanto, uma espiral de sobreendividamento” (Público, 31/1/05).
Por outro lado, o Estado na mesma linha de expectativa, não racionalizou os seus investimentos tendo ajudado a produzir (ou não tendo evitado) os agravamentos de assimetrias, sobretudo com a Europa.
Estamos assim perante um dilema. Como refere um estudo já citado, ao apostarmos numa estratégia que visa aproximar as regiões pobres das regiões ricas, corremos o risco do empobrecimento das mais prósperas, perdendo de vista a aproximação do País no seu todo, aos países mais ricos da Europa.
Dito de outra forma, numa fase de desaceleração da economia - como a actual - a aposta vai normalmente para a competitividade, enquanto que nas fases de expansão, como foram os anos noventa, é mais natural o privilégio das questões redistributivas” (Daniel Bessa, 24/1/05).
Se não mudarmos de estilo de vida – ou melhor, se não mudarmos de paradigma de desenvolvimento, estaremos na eminência de um novo (e perigoso) agravamento de assimetrias.